Campanha? Tô dentro!

Foi-se o tempo da grande massa ir às ruas lutar pelos seus ideais. E vale ressaltar que passeata pelos royalties financiada pelo governo não conta. Estou falando de manifestação popular mesmo. Aquela que é do povo para o povo sabe?! Então, essa há muito que não vejo.

Minhas últimas lembranças são das passeatas pelo Passe Livre que participei na época da escola. Estudei no Colégio Pedro II, escola pública federal, um dos poucos lugares que conheço onde ainda existe a tradição do “precisamos pintar a cara e sair às ruas”.  E com isso, tinha manifestação para tudo. Era a água gelada dos bebedouros, o ar-condicionado para as “saunas” de aula e, claro, o Passe Livre (garantia de passagem gratuita nos ônibus), essa tinha todos os anos.

Mas voltando, foi-se o tempo da grande massa ir às ruas se manifestar. E nas ruas foi mesmo, mas na internet… Ah, a internet!  Nunca vi lugar pra ter tanta gente engajada quanto nas redes sociais. E olha que é campanha para tudo.  É mulher que matou o cachorrinho, abuso sexual no BBB, salve os gatinhos, salve a floresta, salve o planeta. É tanta campanha que eu chego a ficar cansada só de ver.

E o melhor, ou pior, é a disponibilidade das pessoas para defenderem várias causas ao mesmo tempo. Na rua isso complicaria mais. Imagina compartilhar a campanha pelo abuso dos preços da passagem e correr para outra rua e curtir o apoio à necessidade de explicações do Fernando Bezerra. Ah não, ia dar muito trabalho, deixa ficar só na internet mesmo.

Na internet é muito mais fácil estar engajado. Será? O mais desavisado pode até achar que sim, mas eu, virginiana desconfiada, não acredito muito nessa história não. O problema das campanhas da internet é que elas somem na mesma velocidade que aparecem.

O prazo de validade dos movimentos organizados da web é curto. Em uma semana ninguém lembra mais. E se alguém comentar esse ainda é tachado de atrasado, “aquele que ficou muito tempo sem entrar na internet e pegou o bonde andando”. Coitado.

Que fique claro, não estou criticando as pessoas que utilizam as redes sociais para divulgar campanhas com que estejam realmente comprometidas. É inegável a facilidade que esses meios trouxeram a quem sabe se manifestar e leva isso a sério. Só estou comentando como é engraçado, para não falar trágico, que de uma hora para outra todo mundo virou politicamente correto, cidadão reivindicador dos seus direitos. Ou não. E eu fico com o não.

Já dizia minha avó: “Falar é fácil. Tomar uma atitude é que são elas”. Vejamos, andam comentando, curtindo, compartilhando e retuitando, que, por conta do abuso no aumento dos preços da passagem de ônibus a população é quem vai rir por último nas eleições de outubro. Será mesmo? Queria muito acreditar, mas meu jeito prático, pessimista, realista e chato, não me deixa. Aposto, querendo perder, que até lá já esqueceram, afinal o que são 0,25 centavos não é mesmo?

Enquanto isso, vamos aguardar a próxima campanha, porque afinal todo mundo quer se manifestar. Todo mundo inclusive a Luiza, que já voltou do Canadá.

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